Plínio Salgado
A participação do homem no governo do mundo efetiva-se pelo conhecimento e pela ação, pela inteligência e pela liberdade.
O homem pode, mas não deve utilizar-se de tais faculdades no sentido contrário ao ato de amor de que elas provieram.
Pode porque é livre; não deve porque seria injusto e indigno.
E toda a vez que o homem pratica o mal, isto é, o pecado, atenta contra a sua própria essência divina, porque o pecado é a negação da inteligência e da liberdade. Negação da inteligência porque a inteligência é criadora e o pecado é destruidor; negação da liberdade, porque o pecado subordina o homem consciente e livre ao imperativo da matéria inconsciente e escrava, escrava de Deus e do homem e incapaz de ser de outra maneira senão aquela que Deus quer, de modo absoluto, e o homem quer, de modo relativo.
Não foi por outra razão que Jesus afirmou aos que nEle confiaram: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, e tendo os fariseus aparteado dizendo: “nunca fomos escravos”, o Mestre retrucou-lhes: “todo aquele que peca é servo do pecado”.
Ser cristão é deixar de ser servo, é usar das prerrogativas principescas do homem. É possuir foros de liberdade em pergaminho eterno.
Enganam-se os que vêem no Cristianismo uma religião de escravos, só porque os oprimidos do mundo correram a abraçar o Evangelho.
Se desde o começo da nossa Era os príncipes e poderosos da terra se fizessem cristãos, isso não provaria nada, porque levando consigo a sua majestade acidental, pretenderiam conceder ao Cristianismo, e não receber dele, as cartas de nobreza. Mas justamente no fato dos humildes, dos pobres, dos ínfimos buscarem o Cristo, está a prova de que o Cristianismo confere beleza e dignidade, procuradas pelos a quem o mundo negou tais vantagens e pelos que tiveram em pouca ou nenhuma conta as vantagens que o mundo lhes deu.
Ninguém, tendo sede, vai servir-se de uma fonte seca. Se os escravos procuraram o Cristo é porque sabiam que n’Ele encontrariam liberdade; se os doentes O procuraram é porque sabiam que nEle teriam saúde; se os pobres O procuraram é porque sabiam que no Cristo seriam ricos e cobrariam honras que lhes minguaram na terra. Os grandes do mundo não compreenderam o sentido dessa liberdade, dessa saúde, dessa riqueza e dessas honras, porque os grandes, quase sempre, não percebem nada. Por isso Jesus louvou o Pai, dizendo: “Graças vos dou ó Pai, porque ocultastes estas coisas aos sábios e as revelastes aos pequeninos”.
Plínio Salgado, Primeiro, Cristo!
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