Seu amor pela altíssima pobreza fez com que o homem de Deus aumentasse seu tesouro de santa simplicidade. Ele mesmo nada possuía de próprio desse mundo, mas parecia proprietário de todas as coisas e de todos os bens em Deus, Criador do mundo. Tinha uma visão , uma atitude de espírito, semelhante à simplicidade da pomba; tudo o que via, sua contemplação o colocava em relação ao soberano Artífice. Em cada objeto descobria o Criador, amando-o e louvando-o. Desse modo, por um favor da bondade do céu, chegou a possuir tudo em Deus e Deus em tudo. Pelo hábito de retornar sempre à origem de todas as coisas, dava o nome de Irmão e Irmã às criaturas, mesmo às mais humildes, uma vez que elas e ele haviam nascido do mesmo princípio. No entanto, tinha mais simpatia e amor por aquelas que, por sua natureza ou pelo simplismo bíblico, lembram o amor e a brandura de Cristo. Por isso os animais sentiam-se atraídos a ele, e mesmo as coisas inanimadas obedeciam à sua vontade, como se a simplicidade e a justiça do santo o tivessem já feito voltar ao estado de inocência original.
S. Boaventura, Legenda Maior, As Virtudes Com Que Deus o Distinguiu
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