Quando na Sagrada Escritura se fala do coração, não se alude a um sentimento passageiro, que produz emoção ou lágrimas. Fala-se do coração para indicar a pessoa que, como nos manifestou o próprio Jesus, se orienta toda ela - alma e corpo - para o que considera o seu bem: Porque onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração.
Por isso, quando falamos do Coração de Jesus, pomos de manifesto a certeza do amor de Deus e a verdade da sua entrega por nós. Recomendar a devoção a esse Sagrado Coração equivale a recomendar que nos orientemos integralmente - com tudo o que somos: alma, sentimentos, pensamentos, palavras e ações, trabalhos e alegrias - para Jesus todo.
Nisto se traduz a verdadeira devoção ao Coração de Jesus: em conhecer a Deus e nos conhecermos a nós mesmos, e em olhar para Jesus e recorrer a Jesus, que nos anima, nos ensina, nos guia. A única superficialidade que pode existir nessa devoção é a do homem que, não sendo integralmente humano, não consegue aperceber-se da realidade de um Deus feito carne.
Jesus na Cruz, com o coração trespassado de Amor pelos homens, é uma resposta eloquente - as palavras são desnecessárias - à pergunta sobre o valor das coisas e das pessoas. Os homens, a sua vida e a sua felicidade, valem tanto que o próprio Filho de Deus se entrega para os redimir, para os purificar, para os elevar. Quem não amará o seu Coração tão ferido?, perguntava uma alma contemplativa, ao dar-se conta disso. E continuava a perguntar: Quem não retribuirá amor com amor? Quem não abraçará um Coração tão puro? Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o nosso Ferido, Aquele a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração. Peçamos que se digne prender o nosso coração com o vínculo do seu amor e feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente.
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