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19 de setembro - Dia de Nossa Senhora da Salette


Léon BLoy

"A Santa Virgem tinha pedido Apóstolos. Deram-lhe estalajadeiros. Tinha querido verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, desprezando o mundo e a si próprios. Instalaram-se padres negocistas, piedosos contadores encarregados de "aumentar" o pecúlio comum."

"A Revelação da Salette, considerada como uma ruptura do silêncio de dezoito séculos, oferece, ao mesmo tempo, consolo e terror. E não penso aqui nem mesmo na Mensagem, isto é: nas ameaças e nas promessas. Tenho unicamente em vista o incrível acontecimento da Santa Virgem falando com autoridade, na Igreja. Digo que esse fato é consolador por causa do caráter d'Aquela que fala, já que a Igreja a invoca sob o nome de Consolatrix e, também, porque é uma espécie de cumprimento, sob os nossos olhos, da Terceira Palavra de Jesus moribundo. Mas é, ao mesmo tempo, terrível, por causa do silêncio desse mesmo Jesus, que parece implicar. Jesus e Maria não falam juntos. Quando Jesus começa a sua Prédica, Maria se abisma no silêncio e, se dele sai, agora, quererá isso dizer que Jesus não vai mais falar? Eis, ao que me parece, um dos aspectos mais obscuros da Salette. E um dos menos explorados, provavelmente em razão do imenso terror nele contido. Alguns escritores ascéticos, tais como o santo bispo de Lausanne, Amadeu e, sobretudo, no décimo sétimo século, o Venerável Grignion de Montfort, afirmaram que o Reino de Maria está reservado para os últimos tempos. O que faria supor que, nossa Mãe, tendo enfim falado como Soberana, Jesus não tornará a tomar a palavra senão para fazer ouvir o temível ESURIVI, "eu tive fome" (Mt XXV, 35-42) que deve acabar com tudo..."

"Os padres são para Ela (Nossa Senhora da Salette) o que são para Deus e para a Igreja. Cada um deles representa Jesus Cristo, e imagino-a perfeitamente se ajoelhando diante deles, como se ajoelhou diante de seu Filho, quando este lhe veio humildemente pedir permissão para ir sofrer. - "Peço-vos, meus muito queridos filhos, que não desprezeis minha Mensagem. É o meu último esforço para salvar o rebanho de que sois os pastores e de que vos serão pedidas severas contas. Se não lhe disserdes que vim e que sobre ele chorei com amargor, se não lhe repetirdes todas as minhas palavras, quem poderá lhas ensinar? E como vos salvareis, vós e eles? Tudo o que disse a meus dois testemunhos, tudo o que lhe reveie para que o propagassem por todo o meu povo, é infinitamnte precioso e salutar, e não podeis fazer uma separação entre elas sem me ferir bem na pupila do olho e sem traspassar vossas almas... Vós que tanto recebestes de meu Filho, ocupando até mesmo seu divino lugar, vós que deveríeis ser tão santos!, como podereis deixar de chorar comigo, batendo em vossos peitos?! Como ousastes caçoar dos meus avisos e impedir que outros acreditassem neles?!... Dei uma Regra. Que fizeram dela? Foi em vão que dois papas quiseram fazê-la pôr em prática. Meus queridos Apóstolos dos Últimos Tempos, meus doces filhos muito amados, onde estão eles? Tinha-os escolhido. Eu mesma, selecionando-os com cuidado, como os grãos de fermento do Pão dos Anhos. Alguns deles estão bem perto de vós. Se os nomeasse, agora, logo faríeis com que sofressem... Pelo temibilíssimo Nome de vosso Mestre, cuja descida à terra forçais cada dia, suplico-vos para que tenhais medo..."

"Mas, não há refúgio para a Indignação de Deus. É uma criatura selvagem e faminta, para quem todas as portas estão fechadas, uma verdadeira criatura do deserto que ninguém conhece. Os leões, no meio dos quais foi gerada, morreram, ceifados à traição pela fome e pelos vermes. Arrastou-se diante de todas as soleiras, suplicando que a albergassem, mas não houve ninguém que tivesse piedade da Indignação de Deus. É bela, no entanto. Mas, inseduzível. E infatigável. Apavora tanto que a terra teme, quando passa. A Indignação de Deus veste andrajos e quase nada tem para esconder sua nudez. De pés descalços, está toda ferida, e há sessenta e três anos* - coisa terrível -, não tem mais lágrimas! Seus olhos são fundos abismos. E sua boca não profere mais nem uma única palavra. QUando encontra um padre, torna-se mais pálida e mais silenciosa, pois os padres a condenam, achando-a mal vestida, excessiva e pouco caridosa. Sabe perfeitamente que, já agora, tudo é inútil! Segurou às vezes criancinhas nos braços, oferecendo-as ao mundo, mas o mundo atirou esses inocentes no montão das imundícies, dizendo-lhe: - "És livre demais para me agradar! Tenho leis, polícia, oficiais de justiça, proprietários!" - "O vencimento está próximo e eu pagarei com toda a exatidão", respondeu a Indignação de Deus."

* Faziam 63 anos da aparição da Salette quando Léon Bloy escreveu isto.

Octávio de Faria, Léon Bloy.

Leia o segredo dito por Nossa Senhora da Salette aqui
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2 comentários:

  1. Não podemos ser insensíveis às lágrimas e ao pranto de Nossa Senhora por nossa causa.

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  2. Virgem da Sallete, me alegra muito ver-te assim sofrendo por nós, pois esse é o sinal de que a Senhora se importa muito conosco. MAs tambem me deixa muito triste ver-te assim Mãe. POr causa de Teus filhos ingratos, que nem deveriam carregar o nome de filhos Teus! Perdoai-nos Mãe, mas não nos abendoneis jamais!. Não desista de nós Mãe querida, Mãe Amada!

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