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Advento - Tempo de Espera - Ano Novo Litúrgico


Pessoal, primeiramente quero desejar-vos um feliz ano novo litúrgico. Espero que neste novo tempo que se inicia, a Sagrada Liturgia seja menos violentada. Nosso Senhor o pede. Façamos, nós, o possível para isto.

Como já se sabe, o Advento é um tempo de espera. Ficamos na expectativa por Aquele que há de vir e na certeza de que Ele virá... Esta espera não pode ser indiferente, como se fosse qualquer um que estivesse para chegar. Na verdade, é a vinda de Quem mais importa; O que virá é Aquele a Quem nos foi ordenado amar com toda a nossa força, nosso entendimento e nossa alma. Naturalmente, a nossa vida, neste tempo, deve gravitar em torno desta espera.

Lembro-me de um trecho do Pequeno Príncipe em que a raposa diz ao menino: "se vieres às quatro horas, desde às três começarei a ser feliz." Bem.. é alguma coisa assim que ela diz. Isto nos fala de como a certeza de que Jesus virá deve, desde já, nos alegrar... Mas é interessante que o Advento nos ponha a esperar por Nosso Senhor principalmente em dois sentidos: no Natal e na Parusia. No Natal nós temos uma data definida, pelo que a alegria da raposa pode se aplicar ao nosso caso. Conforme nos aproximamos desta festa, a nossa alegria vai aumentando, da mesma forma que nos acaloramos conforme nos aproximamos do fogo. E, naquele bendito dia, eis-nos a cantar o Aleluia como expressão da nossa máxima felicidade! Nasceu-nos um menino! Brilhou uma Luz para nós!

Quanto à Parusia, isto é, à segunda e definitiva vinda de Cristo, não nos é dado saber o dia nem a hora. Também não devemos ficar neuroticamente esperando esta data, como fazem alguns desinformados por aí. É preciso, de um lado, anelar por aquele dia, com o mesmo suspiro com que um exilado anela pela sua Pátria; e de outro, é preciso paciência e um total abandono à vontade dEste que virá. A nossa alegria é, então, fazer a Vontade dEle.

Falar-se-ia, ainda, de uma terceira forma desta vinda: a vinda cotidiana de Nosso Senhor nos eventos mais ordinários. Temos a Sua vinda na Santa Missa; nos pobres que a nós acorrem ou que, santamente, nos importunam ou que, silenciosamente, nos impõem respeito pela sua gravidade; podemos perceber, ainda, a Sua silenciosa presença quando, contemplando a futilidade das trocas de presentes ou de galanteios que pretendem substituir a alegria do Natal ou destes tempos tão doces, parecemos percebê-Lo aos cantos, desprezado, olvidado, a convidar-nos, discreta e timidamente, a fazer-Lhe companhia...

No meio de tantas guloseimas, de tanta seda, de tanta formalidade, de tantos embrulhos e ornamentos, parece ficar ofuscada aquela noite em que, ao relento e em companhia de animais, rompeu o silêncio da noite o grito de um Menino pobre, envolto em trapos. E isto foi o Natal. E este Menino era Deus. E o advento é a espera deste Menino, ainda que Ele seja, em tudo isso, o menos notado.

Muitos dos que dizem amá-Lo sequer irão à Santa Missa. Preferirão a presença confortável dos seus familiares, o gosto suave dos vinhos e a sensação estranha da gordura do peru entre os dedos. E enquanto isto, lá está Ele, o infante, juntamente com Sua Mãe, Seu pai adotivo, alguns pobres pastores e alguns reis que se perceberam pobres diante dEle.

Nada tenho contra as celebrações em família, ou contra as ceias de Natal, nem contra as trocas de presentes. Mas nada disto é o natal. É preciso adorar o Infante na Santa Missa! Sem isto, não há natal. Depois, é preciso atentar para os pequenos que passarão este dia como todos os outros; nas ruas, nas casas pobres; talvez até tão felizes por terem ganho um cavalinho ou um carrinho, ainda que quebrados. E lá no fundo, na densidade destes tempos, Aquela voz ainda estará a ressoar: "Foi a Mim que o fizeste..."

Que Deus nos ensine a viver um santo advento e a viver um santo natal.
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