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Ciência e Transcendência - Olavo de Carvalho



A ciência significa um conhecimento racional organizado. Pra ser racional você tem que partir de certas premissas que sejam universalmente inquestionáveis, que são os fundamentos da própria lógica.

Quando nós partimos do princípio que a base do conhecimento é a experiência, nós temos que entender primeiro o que é a experiência. A experiência se dá sempre dentro de um quadro existencial neste mundo que nós vivemos. Então, a existência do mundo é a primeira premissa da ciência. A segunda premissa tem que ser a natureza do próprio conhecimento humano. Você não vai encontrar uma única época na história em que os seres humanos tenham vivido na ignorância total e nem alguma em que eles tenham vivido na total sabedoria. O ser humano vive, desde que existe, num lusco-fusco, numa mistura de sabedoria e ignorância, de conhecimento e ignorância. Isso quer dizer que a realidade dentro da qual nós vivemos tem necessariamente extensões para além do limite conhecido e isto não é uma coincidência, não é uma situação provisória que nós possamos ter a esperança de vencer amanhã. Nós nunca chegaremos ao conhecimento total porque isso é incompatível com a própria duração da vida humana. Uma criatura que vive durante um período x e depois morre não pode ter o conhecimento total porque ela não pode ter o conhecimento do que [acontecerá] no dia seguinte porque que ela morreu. Portanto, a ambição do conhecimento total é incompatível com a própria estrutura da realidade na qual nós vivemos. Isso quer dizer que essa estrutura da realidade comporta necessariamente a noção de um 'para além', de uma transcendência. Ela incorpora isso necessariamente, e quem não for capaz de aprender isso, não tem o direito de abrir a boca num debate científico. A noção de transcendência é absolutamente necessária para qualquer raciocínio que você comece a fazer.

Por outro lado, a atitude que você tem perante essa transcendência só pode ser duas: ou é uma atitude de abertura confiante, ou é uma atitude de recuo temeroso. Só existem essas duas. A atitude de abertura é a que preside a fundação da Filosofia, da Ciência e das Religiões. A outra atitude é que produz o agnosticismo. O agnosticismo é você ter medo de Deus ao ponto de odiá-lo e não querer mais pensar naquilo; a transcendência te apavora de tal maneira que você tem que fechar os olhos e negar que aquilo existe. Então você inventa três ou quatro preceitos metodológicos e diz o seguinte: "daqui pra frente nós só vamos investigar isso, mais isso e mais isso. O que estiver fora disso não interessa e nem mesmo existe."

Olavo de Carvalho, Trecho de um de seus programas no True Outspeak
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