“Sempre podemos crer somente em ‘nós mesmos’. Às vezes digo que São Paulo escreveu: ‘A fé vem da escuta’, e não do ler. Também se necessita ler, porém a fé vem da escuta, quer dizer, da palavra viva, das palavras que os outros me dirigem e que posso ouvir; das palavras da Igreja através de todos os tempos, da palavra atual que ela dirige mediante os sacerdotes, os Bispos e os irmãos e irmãs. Da fé faz parte o ‘tu’ do próximo, e faz parte dela o ‘nós’. O exercitar-se, o apoiar-se mutuamente é algo muito importante; aprender a acolher o outro como outro em sua diferença, para chegar a ser um ‘nós’, para que um dia possamos formar uma comunidade também na paróquia, chamando as pessoas a entrarem na comunidade da Palavra e se porem juntos a caminho para o Deus vivo. Isso forma parte do ‘nós muito concreto, como o é o seminário, como o será a paróquia, mas também o olhar sempre além do ‘nós’ concreto e limitado para o grande ‘nós’ da Igreja de todo tempo e lugar, para não fazer de nós mesmos o critério absoluto. Quando dizemos: “Nós somos Igreja”, sim, claro, é certo, somos nós, não um qualquer. Porém o ‘nós’ é mais amplo do que o grupo que o está dizendo. O ‘nós’ é a comunidade inteira dos fiéis, de hoje, de todos os lugares e todos os tempos. E digo sempre, ademais, que na comunidade dos fiéis, sim, existe, por dizê-lo assim, o juízo da maioria de fato, porém nunca pode haver uma maioria contra os Apóstolos e contra os Santos: isso seria uma falsa maioria. Nós somos Igreja: Sejamo-lo! Sejamo-lo precisamente no abrir-nos, no ir além de nós mesmos e em sê-lo junto aos outros”.
Discurso de Bento XVI aos Seminaristas na capela de São Carlos Borromeu, Seminário de Friburgo, na tarde de Sábado em 24 de Setembro de 2011.
Fonte: Fratres in Unum
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