Não esquecer que, nos dias que correm, a simples adesão a um novo preconceito faz um sujeito se sentir livre de preconceitos. O uso corrente da palavra "preconceito" é de teor nitidamente preconceituoso, pois cria uma prevenção irracional contra uma opinião que, em geral, só se conhece por alto. A acusação de "preconceito" é hoje um dos estratagemas de uso mais freqüente: ela dispensa o exame dos argumentos da parte contrária. Nos meios acadêmicos, fortemente influenciados pela mentalidade "politicamente correta", ampliar desmesuradamente o sentido da palavra "preconceito" tornou-se até um método de investigação e prova em História e Ciências Sociais: se um sujeito fez uma piada sobre judeus, é prova de que tem preconceito anti-semita. A suscetibilidade neurótica que espuma de raiva ante gracejos, por seu lado, não é preconceito: é exemplo de superior neutralidade científica.
Nota do Olavo de Carvalho no livro "Como Vencer Um Debate Sem Precisar Ter Razão" de Arthur Schopenhauer.
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