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O homem exterior


A vida do homem exterior é uma vida de automatismos, de pensamentos e ações ditados inconscientemente, de adaptação mecânica aos parões e preconceitos daqueles que nos cercam - ou, que seja, de mecânica e compulsiva revolta contra os mesmos padrões e preconceitos. Pois a vida interior não consiste numa rebelião contra os padrões externos. Justamente ao contrário, essa rebelião é geralmente apenas outra forma de compulsão, e certamente apenas um outro aspecto da mesma compulsão. É uma espécie de conformidade negativa.

Ora, as pessoas que vivem nesse plano "automático" não percebem, de modo algum, o quanto a vida delas é alienada e desprovida de espontaneidade. Os hábitos e as rotinas mecânicas adquiriram o poder de satisfazê-las com uma espécie de pseudo-espontaneidade, um tipo de falsa naturalidade. O que é falso e nada espontâneo se tornou, para elas, uma segunda natureza. Assim, o pensamento que para elas parece lúcido é, na verdade, confuso. O que lhes parece boa vontade é, de fato, uma fuga covarde. O que parece liberdade é mera compulsão. Isso não quer dizer, é claro, que essas pessoas não sejam moralmente responsáveis por seus atos. Não, elas são sãs e "livres". No entanto, quando se observa a vida delas do ponto de vista do homem interior e espiritual, faltam-lhes sanidade e liberdade em uma medida assustadora. Isso se aplica a todos nós: pois mesmo o espiritual não é espiritual o tempo todo. Talvez essas pessoas tenham apenas uns raros momentos de "despertar", quando percebem sua vida comum como esta realmente é - e então recaem na escravidão.

Thomas Merton, A experiência interior. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 130.
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