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O reconhecimento da própria fraqueza e as misérias desta vida mortal


"Confessarei, Senhor, contra mim mesmo a minha iniquidade" (Sl 31,5). Confessar-Vos-ei, Senhor, a minha fraqueza. Muitas vezes qualquer nada me abate e contrista. Sim, proponho pelejar virilmente; mas, apenas chega uma pequena tentação, fico logo angustiado.

Algumas vezes, da coisa mais insignificante provém uma grande tentação. E quando me julgo seguro, encontro-me, às vezes, sem dar por isso, quase vencido e derrubado por um sopro.

Reparai, Senhor, na minha abjeção e fraqueza, que tão bem conheceis. Tende piedade e "tirai-me d lodo, para que não fique atolado" (Sl 68,15), nem fique para sempre submerso.

Aquilo que continuamente me atormenta e confunde perante Vós é ver quão amiúde escorrego e como sou fraco para resistir às tentações. Ainda que não chegue ao pleno consentimento, é para mim dolorosa e molesta a sua insistência contínua e causa-me grande aborrecimento viver nessa luta quotidiana. Por isso reconheço a minha fraqueza: as abomináveis fantasias entram mais facilmente na minha alma do que saem.

Oxalá, ó fortíssimo Deus de Israel, que Vós, tão zeloso das almas fiéis, Vos dignásseis pôr os olhos na fadiga e dor do Vosso servo, ajudando-o nas suas empresas.
 
Fortalecei-me com a virtude celeste, para que não me domine nem o homem velho nem esta mísera carne, ainda rebelde ao espírito, contra a qual importa combater enquanto vivemos nesta misérrima vida mortal.

Pobre de mim, que espécie de vida é esta, onde nunca faltam sofrimentos e misérias, onde todas as coisas ocultam ciladas e inimigos! Ainda uma tribulação ou tentação não passou, já outra nos advém; ainda não terminamos o combate da primeira, já outras surgiram.

Como é possível que ame uma vida tão cheia de amarguras, sujeita a tantas angústias e misérias? Como é possível chamar-lhe vida, quando gera tantas mortes e pestes? E, apesar de tudo, muitos ainda a amam e procuram nela a felicidade. 

Criticamos muitas vezes o mundo porque é enganador e vão; no entanto, quanta dificuldade temos em abandoná-lo, isto porque são os apetites sensuais que nos dominam!

Algumas coisas incitam-nos a amar o mundo, outras a desprezá-lo. Incitam-nos a amá-lo "os desejos dos sentidos, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (IJo 2,16): porém, as penas e miséria que juntamente se lhes seguem, geram o ódio e o aborrecimento do mundo.

Mas, ai!, o prazer desordenado domina de tal modo a alma humana, até ao ponto de lhe fazer pensar que é delicioso viver na escravidão dos sentidos; isto porque nunca conheceu nem experimentou a suavidade de Deus e a alegria interior da virtude.

Pelo contrário, aqueles que desprezam perfeitamente o mundo e se esforçam por viver para Deus, sob uma santa disciplina, esses conhecem realmente a doçura divina, prometida àqueles que sinceramente renunciam a si mesmos e compreendem claramente como nos engana o mundo e de quantos modos nos ilude."

Imitação de Cristo, Cap. XX.
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