"A música sacra, como parte integrante da Liturgia solene, participa do seu fim geral, que é a glória de Deus e a santificação dos fiéis. A música concorre para aumentar o decoro e esplendor das sagradas cerimônias; e, assim como o seu ofício principal é revestir de adequadas melodias o texto litúrgico proposto à consideração dos fiéis, assim o seu fim próprio é acrescentar mais eficácia ao mesmo texto, a fim de que por tal meio se excitem mais facilmente os fiéis à piedade e se preparem melhor para receber os frutos da graça, próprios da celebração dos sagrados mistérios.
Por isso a música sacra deve possuir, em grau eminente, as qualidades próprias da liturgia, e nomeadamente a santidade e a delicadeza das formas, donde resulta espontaneamente outra característica, a universalidade. - Deve ser santa, e por isso excluir todo o profano não só em si mesma, mas também no modo como é desempenhada pelos executantes. Deve ser arte verdadeira, não sendo possível que, doutra forma, exerça no ânimo dos ouvintes aquela eficácia que a Igreja se propõe obter ao admitir na sua liturgia a arte dos sons. Mas seja, ao mesmo tempo, universal no sentido de que, embora seja permitido a cada nação admitir nas composições religiosas aquelas formas particulares, que em certo modo constituem o caráter específico da sua música própria, estas devem ser de tal maneira subordinadas aos caracteres gerais da música sacra que ninguém doutra nação, ao ouvi-las, sinta uma impressão desagradável."
Papa São Pio X, Tra Le Sollicitudine - Sobre a Música Sacra
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Quero somente destacar umas coisinhas e fazer pequenos comentários.
Concluíremos que, pelo menos no Brasil, a grande maioria dos ditos "músicos litúrgicos" não têm idéia do que estão fazendo nas Santas Missas.
- "A música sacra concorre para aumentar o decoro" - Tem acontecido isto, ou justamente o contrário? A música que comumente se ouve nos templos faz aumentar o respeito, ou incentiva a bater palmas, fazer passinhos e reboladas? Será preciso fazer um abaixo assinado para que o arroto "rebolation" não se torne, futuramente, música "sacra"?
- "(...) o seu ofício principal é revestir de adequadas melodias o texto litúrgico" - Mas que texto litúrgico? O que se vê não são, ao contrário, poesias de cunho socialista ou de caráter sensacionalista? O Missal é solenemente ignorado...
"(...) a fim de que por tal meio se excitem mais facilmente os fiéis à piedade" - E o que se entende por piedade? Revolução? Luta de Classes? Ou cócegas "espirituais"? Alguém tem alguma idéia do que acontece sobre o Altar? Sim, mas são poucos...
"Por isso a música sacra deve possuir, em grau eminente, as qualidades próprias da liturgia, e nomeadamente a santidade e a delicadeza das formas" - E que tal a "Liturgia Afro"? E as "missas-rock"? Delicado, não? Tambores e guitarras dão uma bela combinação...
"Deve ser santa, e por isso excluir todo o profano não só em si mesma, mas tambem no modo como é desempenhada pelos executantes." - Rs.. Nem precisa comentar...
"Deve ser arte verdadeira" - Muitos perguntariam: e existe arte falsa? Se a pergunta fosse sincera, seria ótimo. Mas, comumente, é mera objeção. Há quem chame o gregoriano de "música fúnebre". Ainda que fosse, esta "música fúnebre" corresponderia, sem dúvida, mil vezes melhor ao Calvário do Senhor.
As "composições religiosas (...) devem ser (...) subordinadas aos caracteres gerais da música sacra" - Hein?
Realmente houve, claro, uma abertura, a partir do CVII, para este desleixo generalizado da Fé. Porém, este descaso específico para com a Música Sacra não é, diretamente, fruto do Concílio que recomenda vivamente que os ministros de música sejam bem formados. A relaxidão, porém, em outras áreas terminou por influenciar também na música litúrgica.
Realmente houve, claro, uma abertura, a partir do CVII, para este desleixo generalizado da Fé. Porém, este descaso específico para com a Música Sacra não é, diretamente, fruto do Concílio que recomenda vivamente que os ministros de música sejam bem formados. A relaxidão, porém, em outras áreas terminou por influenciar também na música litúrgica.
Claro que há sim exceções. Aqui e ali se encontram fiéis bem formados no campo da música sacra. Mas, infelizmente, na maioria dos casos, a coisa ainda é bem absurda...
Fábio.
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