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O Protestantismo, o Naturalismo e o Materialismo


Mons. Marcel Lefebvre

Pode parecer estranho e paradoxal chamar o protestantismo de naturalista. Nada há em Lutero de exaltação à bondade intrínseca da natureza porque, segundo ele, a natureza está irremediavelmente decaída e a concupiscência é invencível. No entanto a opinião excessivamene niilista que o protestante tem sobre si mesmo, desemboca em um naturalismo prático: na intenção de menosprezar a natureza e de exaltar o poder "só da fé", relegam a graça divina e a ordem sobrenatural ao domínio das abstrações. Para os protestantes a graça não opera uma verdadeira renovação interior; o batismo não é a restituição de um estado sobrenatural habitual, é somente um ato de fé em Jesus Cristo que justifica e salva.

A natureza não é restaurada pela graça, permanece intrinsecamente corrompida; e somente a fé obtém de Deus que deite sobre nossos pecados o manto pudico de Noé. Todo o organismo sobrenatural que o batismo agrega à natureza enraizando nela a graça, todas as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo são reduzidos a nada, reduzidos a um só ato forçado de fé-confiança em um redentor que gratifica somente para retirar-se para longe [d]a criatura, deixando um abismo intransponível entre o homem definitivamente miserável e Deus transcendente três vezes santo. Este pseudo-supernaturalismo, como chama o Padre Garrigou-Lagrange, deixa finalmente o homem, apesar de haver sido redimido, sujeito somente à força de suas aptidões naturais; fatalmente se afunda no naturalismo. Deste modo os extremos opostos se unem! Jacques Maritain exprime bem o desenlace naturalista do luteranismo:

"A natureza humana terá que rechaçar como um inútil acessório teológico o manto de uma graça que não é nada para ela e cobrir-se com sua fé-confiança para converter-se em uma bela besta livre, cujo infalível e contínuo progresso encanta hoje o universo inteiro". (Trois Reformateurs, pag. 25)

Este naturalismo se aplicará à ordem civil e social: ficando a graça reduzida a um sentimento de fé-confiança, a Redenção será somente uma religiosidade individual e particular, sem influência na vida pública. A ordem pública, econômica e política fica condenada a viver e se desenvolver sem Nosso Senhor Jesus Cristo. O protestante busca no seu êxito econômico o critério de sua justificaçaõ diante de Deus; assim, de bom grado escreverá sobre sua porta: "Rendei honras a Deus por teus bens, oferecei a primícias de teus ganhos, então teus celeiros se encherão e teus tonéis transbordarão de vinho". (Prov. III, 9-10)

Jacques Maritain escreveu excelentes páginas sobre o materialismo do protestantismo, que dará nascimento ao liberalismo econômico e ao capitalismo:

"Por trás dos chamados de Lutero ao Cordeiro que salva, por trás de seus movimentos de confiança e sua fé no perdão dos pecados, há uma criatura humana que levanta a cabeça e faz seus negócios no lodaçal em que está submersa por causa do pecado de Adão! Desenvolver-se-á no mundo, seguirá a sede do poder, o instinto dominador, a lei deste mundo que é o seu mundo. Deus será somente um aliado um poderoso". (op. cit. pag. 52-53)

O resultado do protestantismo foi que os homens se apegaram ainda mais aos bens deste mundo, esquecendo-se dos bens eternos. E se um certo puritanismo chega a exercer uma vigilância exterior sobre a moralidade pública, não impregnará os corações do espírito verdadeiramente cristão, que é um espírito sobrenatural, onde reina a primazia do espiritual. O protestantismo, necessariamente, será conduzido a proclamar a emancipação do temporal em relação ao espiritual. Esta emancipação, justamente, vai reencontrar-se no liberalismo.

Mons. Marcel Lefebvre, Do Liberalismo à Apostasia.Cap 1, pp 12-14.
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2 comentários:

  1. Qualquer semelhança com a Canção Nova não é mera coincidência.

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  2. Justamente, Theophilus.. e não é mesmo.

    Se alguém da CN, por acaso, busca uma maior coerência, é logo "desautorizado"...

    Tragicômico isso...

    ResponderExcluir

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