Eis o que foi desvelado no livro do Apocalipse: a união entre o céu e a terra, consumada na sagrada Eucaristia. A primeira palavra do livro sugere isso. A palavra Apokalypsis, em geral traduzida como “revelação”, literalmente significa “desvelamento”. No tempo de João, os judeus costumavam usar apokalypsis para descrever parte das festividades nupciais, que duravam uma semana. O apokalypsis era o ato de erguer o véu da esposa virginal, o que se realizava imediatamente antes da consumação do casamento na união sexual.
E é aí que João queria chegar. A unidade entre o céu e a terra é tão íntima, que se assemelha à fecunda e enlevada união entre o marido e a mulher apaixonados. São Paulo descreve a Igreja como a esposa de Cristo (veja Ef 5) – e o Apocalipse desvela essa esposa. O clímax do Apocalipse é, então, a comunhão da Igreja e Cristo: o banquete das núpcias do Cordeiro (Ap 19,9).
A partir desse momento, o homem se eleva da terra para adorar no céu. “Caí então a seus pés [do anjo] para adorá-lo”, escreve João, “mas ele me disse: ‘Não façais isso! Sou um companheiro de serviço, teu e dos teus irmãos que guardam o testemunho de Jesus’” (Ap 19,10). Lembre-se que a tradição de Israel afirmava que os homens adoravam imitando anjos. Agora, revela o Apocalipse, o céu e a terra participam juntos de um ato único de adoração amorosa.
Esse apocalipse, ou desvelamento, aponta para a cruz. Mateus relata que, quando Jesus morreu, “o véu do Santuário rasgou-se em duas partes de alto a baixo” (Mt 27,51). Assim, o santuário de Deus “sofreu um apocalipse”, foi desvelado, sua habitação já não estava reservada apenas ao sumo sacerdote. A redenção de Jesus desvelou o lugar santíssimo e abriu a presença de Deus para todos. O céu e a terra agora se uniam em amor íntimo.
As liturgias antigas estavam impregnadas da linguagem do céu e da terra. A liturgia de são Tiago declara: “fomos considerados dignos de entrar no lugar do tabernáculo de vossa glória, de ultrapassar o véu e contemplar o Santo dos Santos”. A liturgia dos santos Addai e Mari acrescenta: “Como este lugar está impressionante hoje! Pois esta não é senão a casa de Deus e a porta do céu; porque vós fostes vistos face a face, ó Senhor”.
São Cirilo de Jerusalém (século V) oferece uma profunda meditação na frase: “Corações ao alto!” “Pois, verdadeiramente”, diz ele, “nessa hora mais impressionante, devemos elevar nossos corações a Deus e não os manter aqui embaixo, pensando na terra e em coisas terrenas. O sacerdote manda que todos nessa hora ponham de lado todos os cuidados desta vida, ou as preocupações domésticas, e mantenham os corações no céu com o Deus misericordioso”.
Na verdade, precisamos ser como são João de Patmos, quando ouviu a voz do céu dizer: “Subi para cá” (veja Ap 11,12). É isso que significa “Corações ao alto!” Significa abrir nossos corações para o céu que está diante de nós, exatamente como fez são João. Corações ao alto, então, para adorar no Espírito. Pois, na liturgia, diz o Liber Graduum no século IV, “o corpo é um templo escondido e o coração é um altar escondido para o ministério no Espírito”.
Primeiro, porém, precisamos ativamente buscar a recordação. São Cirilo continua: “Mas que aqui não venha ninguém que diga com a boca: ‘Nosso coração está em Deus’, mas esteja preocupado com os cuidados desta vida. Deus deve estar sempre em nossa lembrança. Mas se isso é impossível em razão da fraqueza humana, devemos pelo menos esforçar-nos nessa hora”.
Dito simplesmente, devemos atender à frase compacta da liturgia bizantina: “Sabedoria! Esteja atenta!”
Scott Hahn, O Banquete do Cordeiro, Terceira Parte: O Apocalipse na Missa.
E é aí que João queria chegar. A unidade entre o céu e a terra é tão íntima, que se assemelha à fecunda e enlevada união entre o marido e a mulher apaixonados. São Paulo descreve a Igreja como a esposa de Cristo (veja Ef 5) – e o Apocalipse desvela essa esposa. O clímax do Apocalipse é, então, a comunhão da Igreja e Cristo: o banquete das núpcias do Cordeiro (Ap 19,9).
A partir desse momento, o homem se eleva da terra para adorar no céu. “Caí então a seus pés [do anjo] para adorá-lo”, escreve João, “mas ele me disse: ‘Não façais isso! Sou um companheiro de serviço, teu e dos teus irmãos que guardam o testemunho de Jesus’” (Ap 19,10). Lembre-se que a tradição de Israel afirmava que os homens adoravam imitando anjos. Agora, revela o Apocalipse, o céu e a terra participam juntos de um ato único de adoração amorosa.
Esse apocalipse, ou desvelamento, aponta para a cruz. Mateus relata que, quando Jesus morreu, “o véu do Santuário rasgou-se em duas partes de alto a baixo” (Mt 27,51). Assim, o santuário de Deus “sofreu um apocalipse”, foi desvelado, sua habitação já não estava reservada apenas ao sumo sacerdote. A redenção de Jesus desvelou o lugar santíssimo e abriu a presença de Deus para todos. O céu e a terra agora se uniam em amor íntimo.
As liturgias antigas estavam impregnadas da linguagem do céu e da terra. A liturgia de são Tiago declara: “fomos considerados dignos de entrar no lugar do tabernáculo de vossa glória, de ultrapassar o véu e contemplar o Santo dos Santos”. A liturgia dos santos Addai e Mari acrescenta: “Como este lugar está impressionante hoje! Pois esta não é senão a casa de Deus e a porta do céu; porque vós fostes vistos face a face, ó Senhor”.
São Cirilo de Jerusalém (século V) oferece uma profunda meditação na frase: “Corações ao alto!” “Pois, verdadeiramente”, diz ele, “nessa hora mais impressionante, devemos elevar nossos corações a Deus e não os manter aqui embaixo, pensando na terra e em coisas terrenas. O sacerdote manda que todos nessa hora ponham de lado todos os cuidados desta vida, ou as preocupações domésticas, e mantenham os corações no céu com o Deus misericordioso”.
Na verdade, precisamos ser como são João de Patmos, quando ouviu a voz do céu dizer: “Subi para cá” (veja Ap 11,12). É isso que significa “Corações ao alto!” Significa abrir nossos corações para o céu que está diante de nós, exatamente como fez são João. Corações ao alto, então, para adorar no Espírito. Pois, na liturgia, diz o Liber Graduum no século IV, “o corpo é um templo escondido e o coração é um altar escondido para o ministério no Espírito”.
Primeiro, porém, precisamos ativamente buscar a recordação. São Cirilo continua: “Mas que aqui não venha ninguém que diga com a boca: ‘Nosso coração está em Deus’, mas esteja preocupado com os cuidados desta vida. Deus deve estar sempre em nossa lembrança. Mas se isso é impossível em razão da fraqueza humana, devemos pelo menos esforçar-nos nessa hora”.
Dito simplesmente, devemos atender à frase compacta da liturgia bizantina: “Sabedoria! Esteja atenta!”
Scott Hahn, O Banquete do Cordeiro, Terceira Parte: O Apocalipse na Missa.
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