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Os três graus do amor a Deus


Dizemos três graus a grosso modo. Há diversas outras subdivisões; S. João da Cruz chega a distinguir dez níveis de perfeição do amor a Deus. Mas considero que esta divisão em três graus, além de mais fácil de entender, é muito confiável, pois segue a linha de outras autoridades da vida espiritual como, por exemplo, Sta Catarina de Sena.

E isto pode ser bem compreendido. Vamos a eles:

O primeiro grau que se alcança é tão somente uma descoberta inteligente. A alma reconhece que não é o fundamento da própria existência e que somente em Deus ela é feliz. Se abre, então, diante dos seus olhos, o horizonte da eternidade, e os seus dois perpétuos destinos possíveis: o Céu e o Inferno (o Purgatório, verdadeiramente existente, não é para sempre...). Desta compreensão resulta que a alma, por medo do inferno e reconhecendo as infinitas vantagens de sua adesão a Deus, a Este se achega de forma interesseira. Obviamente que tal estado não pode ser realmente chamado de "amor". Antes, do amor toma o nome. Mas, neste contato com Deus, é possível que a alma, numa abertura gradativa, avance a uma forma mais pura de amor a Deus.

No segundo grau do amor, a alma reconhece que Deus é digno de amor e que é má conduta amá-Lo apenas em função do que Ele pode retribuir. Dessa forma, a alma tem purificada a sua forma de amar. Mas ainda vê certas coisas à semelhança de um contrato: se, nesta relação de amor com Deus, Ele é digno de ser amado por Si mesmo, também convém que, nesta minha adesão, eu deva receber também as suas consolações, na mesma medida em que dois enamorados se presenteiam mutuamente. Creio ser possível dizer que a grande maioria dos cristãos mantém-se neste nível. É verdade que uma considerável parte parece não ter saído do primeiro. Seja como for, convém agora distinguir o terceiro e mais perfeito grau de amor a Deus.

Se no primeiro, o interesse concentrava-se somente na própria satisfação e Deus era apenas, duro dizer, um objeto de que a alma utilizava-se para este fim, e no segundo grau havia uma equalização entre dar e receber, neste terceiro grau a alma ama a Deus somente por Ele mesmo. Ela não busca aqui as consolações divinas; antes, ama a cruz e faz sua alegria consistir em fazer a vontade de Deus, seu Amado. Ainda que, aparentemente, nada receba de Deus, parece-lhe que faz pouco por Este que é absolutamente digno por Si mesmo. Como bem o diz um poema atribuído a Sta Teresa D'Avila, neste estado, ainda que não houvesse Céu para ganhar, a alma amaria a Deus da mesma forma, e ainda que não houvesse Inferno para temer, a alma temeria a Deus da mesma forma. O que a move a amar a Deus não são as retribuições que dEle pode receber, senão Ele mesmo...

Este é o grau dos perfeitos, caracterizado pela total doação, pelo pleno abandono e pela absoluta gratuidade. Ainda que Deus nada lhe desse, estaria feliz pelo simples fato de poder seguir, amar e imitar ao bom Jesus. Já teria nisto grande motivo de ser fiel pela eternidade ao Sumo Bem. Para aí chegar, a alma deve se libertar do próprio egoísmo e soberba. Esta plena liberdade é já graça de Deus. A alma não chegaria aí senão pela ajuda do Alto, mas deverá ser generosa e fazer o que estiver ao seu alcance. A pureza de amar assim abre e dispõe a alma para que possa receber maiores graças. É aqui que ela frui verdadeiramente de Deus, o que significa que O "experimenta"  porque O ama com verdadeira pobreza de coração.

Fábio.
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3 comentários:

  1. BUSQUEMOS O MAIS PERFEITO AMOR! O TUDO EM NOSSO NADA.

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  2. Sim, sim... Embora o caminho seja tão longo e tão íngreme...

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  3. Se o caminho não fosse "tão longo e tão íngreme", talvez não fizesse sentido algum percorre-lo... acredito que à graça maior encontra-se no caminho, pois ainda que existam as quedas,dores,fraquezas... haverá sempre "o bom Deus" a nos amparar!

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