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Bondade, Justiça e Verdade: Frutos da Luz


Escreve o Apóstolo Paulo:

"Outrora, éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça e verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes, desmascarai-as" (Ef 5,8-11)

Bem, Paulo fala para uma comunidade que já havia passado por um processo inicial de conversão. Isto é, já tinha iniciado a famosa luta contra as concupiscências, renunciando ao pecado mortal e vivendo os sacramentos. Por isto que ele diz: éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Idealmente, aqueles que escutam a leitura durante a Santa Missa deveriam ser, já, convertidos, pelo menos nesta idéia inicial.

Daí, Paulo, na esteira de Cristo que afirma que podemos conhecer as árvores pelos seus frutos e, ainda, que uma lâmpada não deve ser posta sob um alqueire, mas num lugar de destaque a fim de que sua luz se torne visível,  diz que os filhos da luz, aqueles que foram envolvidos pela luz da Graça, devem também manifestar os seus frutos de um modo claro. O Apóstolo ainda escreve, em outro momento, que nós não recebemos um espírito de timidez. Portanto, seria bastante conveniente deixar estes escrúpulos, estes medos que se disfarçam de humildade. Dizem os mestres do espírito que a humildade é irmã da grandeza. Pois bem!

Quais, então, os frutos da luz? Paulo cita três: 

1- Bondade. 

A bondade vai ser o objeto da moral. E, diferentemente do que a opinião geral vai defender, a moral se baseia em critérios objetivos, pois ela se fundamenta em Deus, que é o próprio Sumo Bem. O Bem é aquilo que corresponde à nossa verdadeira natureza, isto é, àquilo que Deus pensou de nós. Foi Ele Quem nos fez, e a bondade, portanto, deve ser objetivamente correspondente à vontade divina. Acontece que esta vontade foi revelada, em sua plenitude, por Nosso Senhor. Por isto, diz o livro de Baruc, nós somos felizes porque nos foi dito o que agrada a Deus. Além disto, nesta obediência da vontade divina, isto é, na bondade objetiva, reside a nossa verdadeira alegria. Chegamos então à conclusão de que é feliz quem, de fato, conhece e ama a Deus.

Compreendendo, então, que a bondade é objetiva, cumpre ao cristão, esclarecido sobre a vontade divina e os princípios objetivos do bem, praticar esta bondade e combater o relativismo moral, denunciar a maldade onde ela se mostre. Já dizia o Renato Russo numa música: "ter bondade é ter coragem" e é justamente isto.

Existe uma atitude que passa, às vezes, por bondade e não é: é a tolerância pelo mal objetivo sob pretexto de ser um bem subjetivo para o outro. Ser bom, segundo este argumento, seria respeitar o que quer que o outro faça, ou porque é o que lhe parece melhor, ou porque é o que lhe faz sentir bem. Temos, então, uma moral da opinião e do conforto. Errado! A bondade se funda em Deus, e se quisermos ser bons, devemos evitar tudo quanto contrarie a vontade divina. Tudo o que se opõe a Deus, independente do disfarce com que vier, será mal.

2- Justiça.

Se a justiça é outro fruto da luz, cumpre saber o que é justiça e o que ela não é. Esta virtude consiste, na verdade, numa reta ordenação das coisas e dos valores. Justo é aquele que pôs ordem na bagunça. É o que promoveu as virtudes em detrimento dos vícios, é o que pôs Deus em primeiro lugar. Disse Nosso Senhor: "buscai primeiramente o Reino de Deus e tudo mais vos será acrescentado". Eis a ordem: primeiro Deus, depois o restante. E quando damos esta absoluta prioridade a Deus, até mesmo este restante adquire ordem, pois Deus é luz que nos faz ver a verdade íntima das coisas, o que nos permite ordená-las de um modo correto. Ser justo, portanto, não é prescindir de Deus; ao contrário, é garantir-lhe a absoluta prioridade na vida.

Um erro também muito comum dos nossos dias é identificar a justiça com o igualitarismo, e isto sobretudo em se tratando de visão social. É comum ver frases do tipo: "devemos construir uma sociedade mais justa e igualitária" e é surpreendente como uma tal contradição seja aceita e promovida como se se tratasse de verdade evidente e irrefutável. Mas o que ocorre é que há uma confusão de conceitos. Se, acima, admitimos que a justiça se dá a partir de um ordenamento, isto é, uma distribuição de dados elementos, como que poderia surgir ordem de um absoluto nivelamento? Não haveria! E não havendo ordem, não há harmonia e não há beleza. A justiça, portanto, é a garantia da harmonia e da beleza, e estes atributos só são possíveis em Deus.

3- Verdade.

"Ego Sum Veritas!" "Eu Sou a Verdade", diz Jesus. Inimigo de Deus é todo erro, toda mentira. O filho da luz deve, portanto, amar a verdade e isto compromete. Não podemos amar a verdade sem detestar o seu oposto, que é o erro. E não podemos detestar o erro sem combatê-lo! Cristo nos diz que veio trazer a espada. O evangelho é também comparado com uma espada, daí o caráter "militar" ou "marcial" da vida cristã.

Mas de que modo podemos conhecer a Verdade? Em todo conhecimento verdadeiro, se realiza aquela negação que Cristo exigiu daqueles que o seguem. É preciso submeter o intelecto ao objeto que se está a conhecer. É então que surge um conhecimento objetivo. Isto quer dizer que aquele que realmente pretende conhecer a verdade deve renunciar ao costume de querer inventar uma. As coisas existem objetivamente, sejam os entes materiais, sejam os valores. Tudo o que se afasta do ser, é não ser; daí que aquilo que se afaste da Verdade una e objetiva será, por força, mentira!

Para aquele que ama a verdade e pugna em seu nome, o mundo atual é um grande campo de batalha. As ideologias, os discursos fáceis, os equívocos, propositais ou não, tudo isto se apresenta como coisas a vencer. Incidir luz a fim de deixar claro as verdadeiras dimensões destes sofismas é o dever daquele que se fez amigo de Cristo. É por isto que Paulo aconselha, na continuação da passagem bíblica, que desmascaremos as obras das trevas.

Não pode haver consórcio entre trevas e luz. Assim que a luz se acende, as trevas desaparecem, porque as trevas não são ser, mas ausência de ser, e não há meio termo entre trevas e luz, assim como não há meio termo entre o ser e o nada. É por isto que S. Francisco de Assis dizia que a bandeira da verdade, uma vez hasteada, derruba naturalmente as do erro, pois é próprio da verdade ser exclusiva e não admitir coexistência com o falso.

Há, então, duas atitudes a se evitar: a militância em nome da mentira e a neutralidade ou o meio termo.

E isto, novamente, me lembra uma música que muito aprecio: "O amor quando já crescido não pode ocioso ficar nem o forte sem lutar por amor de seu querido"

Então, recapitulando: os frutos da luz são bondade, justiça e verdade. Tudo isto somente é possível em Deus, pela sua graça, e pela resposta generosa do homem. Peçamos a Ele que nos conceda lutar por Sua glória e desmascarar as trevas da maldade, da injustiça e da mentira.

Pax.

Fábio.
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