Thomas Merton
"A luz do teu corpo são teus olhos. Se teu olho é simples (isto é, se ele vê claramente, sem confusão nem duplicidade) todo o teu corpo será luminoso, mas se ele é mau, todo o teu corpo será tenebroso. Cuida, pois, que a luz que existe em ti não seja em trevas". (Lc 11,34-35)
A luz em nós é a razão, ou a inteligência. Ela não é apenas aquilo que nos faz ver e compreender o mundo criado em sua realidade, mas é, sobretudo, o "olho" que recebe a luz infusa da fé e da contemplação. A verdadeira contemplação é um "conhecimento amoroso de Deus" e de fato exige a ação coordenada do conhecimento e do amor sobrenatural. Ela é, porém, situada formalmente na inteligência, como pensam S. João da Cruz e Sto Tomás. Vimos em que sentido se toma esta imagem: guardar o "olho" da inteligência. O que obscurece o espírito são os seus muitos apegos. Há uma cegueira espiritual que é fruto da emoção, da paixão, do desejo desordenado. Esta passagem de S. João da Cruz no-lo recordará: "Por menos que se beba desse vinho (o gosto pelas coisas criadas) ele sobe logo ao coração e o embriaga, e acaba escurecendo a razão... de modo que se não se toma depressa um antídoto para expekir sem demora o veneno, a vida da lam fica ameaçada." (Subida, Livro III, c. 23)
O antídoto de S. João é a "crise", a separação discriminativa dos verdadeiros e falsos valores (...) É precisamente através do trabalho da razão que esta crise acontece.
Thomas Merton, Sementes de Contemplação, Cap. X, pp. 118-119.
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