“Porque eu vos digo: se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no reino do Céu (Mt 5, 20). A palavra-chave deste versículo é “superar”. O texto original grego é ainda mais forte, tornando evidente a intenção original. Traduzido ao pé da letra, diz: “se a vossa virtude não for mais superabundante do que a dos doutores da Lei e dos fariseus [...].” Deparamo-nos assim com um tema fundamental que atravessa toda a mensagem de Cristo. Cristo é o ser humano que não faz contas, mas que faz o que é gratuito. Ele é precisamente aquele que ama sem perguntar até onde é que ainda pode ir, de modo a permanecer dentro dos limites dos pecados admissíveis, sem ultrapassar a fronteira dos pecados mortais. Pelo contrário, Cristo é aquele que procura simplesmente o bem, sem qualquer tipo de cálculos.
Aquele que se limita, pura e simplesmente, a ser decente, que só se preocupa em fazer o que está correto, esse é o fariseu; só aquele que não se limita, pura e simplesmente, a ser decente começa a ser Cristo. O que não significa, de modo algum, que um cristão seja uma pessoa que nunca faz nada de errado e que não tem qualquer defeito. Pelo contrário: ele é aquele que sabe que tem defeitos, e que é generoso para com Deus e para com os homens, porque sabe o quanto depende da generosidade de Deus e dos seus semelhantes humanos.
[...] Mas se observarmos com mais atenção, depressa concluímos que a estrutura fundamental que descobrimos ao fazer nossas reflexões sobre a superabundância caracteriza toda a história de Deus com os homens. Sim, e que, além disso, ela já é, por assim dizer, a marca d’água da criação: o milagre de Caná, o milagre da multiplicação dos pães, todos eles são sinais da superabundância de generosidade que é essencial à forma de agir de Deus; aquela forma de agir que, na altura da criação, desperdiça milhões de germes para salvar um ser vivo. Aquela forma de agir que desperdiça todo um universo para criar na Terra um lugar para este ser humano tão misterioso. Aquela forma de agir que, num último desperdício, absolutamente inaudito, se oferece a si própria para redimir os “caniços pensantes”, os seres humanos, a para os conduzir ao seu destino. Este último acontecimento, absolutamente inaudito, vai sempre escapar à compreensão calculista do pensador meticuloso. Na verdade, só pode ser entendido à luz da loucura de um amor que baralha todo e qualquer cálculo, e que não recua perante qualquer desperdício. E, no entanto, mais uma vez, não é mais do que o desfecho coerente daquele desperdício que é, em toda a parte e por assim dizer, o sinal de propriedade do Criador e que, agora, também se deve transformar em lei fundamental da nossa própria existência perante Deus e os homens.
Mas voltemos um pouco atrás. Afirmamos que, com base nesta percepção (que, por sua vez, é apenas uma utilização do princípio do “amor”), se tornou visível não só a estrutura tanto da criação, como da História Sagrada, mas também o significado da exigência que Jesus nos faz, tal como nos é apresentada no Sermão da Montanha. Claro que começa logo por ser uma grande ajuda saber que esse Sermão não deve ser entendido como uma obrigação, como um grupo de leis. Instruções como “se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. E se alguém quiser litigar contigo para te tirar a túnica, dá-lhe também a capa” (Mt 5,39-40), não são artigos de uma lei que tenhamos de cumprir à letra, como decretos isolados. Não são artigos, mas exemplos e imagens evidentes que, no seu conjunto, pretendem indicar uma direção. Mas isso não é suficiente para se alcançar uma compreensão verdadeira. Para a conseguirmos, temos de chegar ainda mais a fundo, e de concluir que, por um lado, não basta uma interpretação meramente moral do Sermão da Montanha, à luz da qual tudo o que nele foi dito é tido como um mandamento cujo incumprimento nos conduz ao inferno: encarado desta maneira, em vez de nos erguer, o Sermão aniquilar-nos-ia.
Mas, por outro lado, também não é suficiente a interpretação meramente piedosa que afirma que este Sermão só mostra o quão insignificantes são todas as nossas ações e formas de agir humanas; que só torna evidente que nós não corrigimos nada e que tudo não passa de graça. O texto só torna evidente que, na noite dos pecados dos homens, todas as diferenças são insignificantes, e que, seja como for, ninguém tem de reclamar, porque todos merecem a condenação e só podem ser redimidos pela misericórdia.
É certo que o texto faz com que tomemos consciência, de forma assustadoramente clara, da necessidade que temos de misericórdia; ele mostra quão poucas razões qualquer pessoa tem para se vangloriar e se considerar justa e se julgar melhor do que os pecadores. O texto pretende, todavia, ir ainda mais longe. Não nos quer colocar sob o ferro do tribunal e do perdão, pois isso faria com que todas as formas de agir humanas fossem indiferentes. Ele também tem por objetivo dar-nos uma orientação para a nossa existência. Quer orientar-nos para aquele “mais”, aquela superabundância e aquela generosidade; o que não significa que, de repente, nos transformemos em “pessoas perfeitas”, sem qualquer defeito, mas que devemos procurar a postura do amante que não faz contas, que se limita simplesmente a amar.
De tudo isto faz também parte o enquadramento cristológico muito concreto do Sermão da Montanha. O incitamento ao “mais” não provém, simplesmente, da distância da majestade eterna de Deus, provém da boca do Senhor, no qual o próprio Deus se ofereceu à miséria da história da humanidade. O próprio Deus vive e age sob a lei fundamental da superabundância, sob a lei daquele amor cuja dádiva não pode ser senão dar-se a si próprio. É cristão quem tem o amor. Esta é a resposta simples à pergunta sobre o caráter do cristianismo, à pergunta com que, no fim, nos voltamos a defrontar, e que, quando devidamente entendida, engloba tudo.
Joseph Ratzinger, Do Sentido de Ser Cristão, A Lei da Superabundância.
TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO-TL/MARXISMO CULTURAL-MC; SOCIALISMO/COMUNISMO E ASSOCIADOS.
ResponderExcluirSatanás tem assestado duros golpes na Igreja Católica, desviando-lhe muitas forças vivas por meio do Marxismo Cultural/Teologia da Libertação, a TL/MC, porém não destruí-la, conf. Mt 16.18... e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. De fato, a TL/MC é uma reinterpretação sistemática dos evangelhos sob o paradigma socialista. Apreenderam o “Jesus histórico”, para ela um revolucionário, solidário e descartou o “Jesus transcendente”, Salvador dessa e para a vida eterna a fiéis seguidores. Sendo materialista e atéia, a TL/MC doutrina que, seguindo os ditames da cartilha socialista, será implantado nesse mundo o reino do socialismo, plenamente satisfatório. Convém notar que seu intuito de ideologizar é facilitado por alguns membros ordenados da Igreja apostasiados, alguns conhecidos, e maior parte infiltrados pela Internacional Socialista, agindo até nas altas hierarquias como ordenados a seu serviço, desde a União Soviética, ao perceberem que a Igreja era o maior obstáculo à implantação do socialismo/comunismo, com a meta de a corromper e destruir, afetando-lhe o núcleo de fé transcendente e sua credibilidade, por meio de aparentes promiscuidades gerais sendo de seus membros ordenados - um ardil.
Nessa sistemática, cristianismo é instrumentalizado à consecução desse objetivo. Nos ensinamentos, a TL/MC usa os mesmos termos eclesiais exegéticos e místicos da Igreja distorcendo-os, dando-lhes conotações políticas, sociais e econômicas, em linguagem repleta de contorcionismos literários, sem confrontação direta, enganando facilmente a quem não possuir conhecimento mais acurado das S. Escrituras, dado às semelhanças de sentido. Todos os S. Padres penalizam com exclusão, excomunhão automática da Igreja a quem se filie à TL/MC, promova ou mesmo divulgue partidos a ela associados ou vote em candidatos admitentes de suas teorias, como aborto, eutanásia, uniões gays, glbts e tudo que contradisser à doutrina da Igreja, contida no Catecismo Católico.
Há até uma bíblia da Editora Paulus, BÍBLIA. EDIÇÃO PASTORAL dos pes. Ivo Storniolo e Euclides M. Balancin, devidamente ideologizada, adaptada aos conceitos socialistas da TL/MC, aliás - irrecomendável - para fiéis à S. Igreja. À verdade, a TL/MC tenciona é sutilmente destruir as estruturas ético-moral-religiosa cristãs e familiares, incitando e defendendo as diversa versões de promiscuidades gerais como sexo-novelas, festinhas rave, bailes funks, drogas, exaltação do poder gay, etc., pois em sociedade amoralizada, sem fé e nenhuma referência familiar e fragmentada por disputas entre si e de classes, facilitará a dominação por um Estado totalitário, materialista opressor, laico e ateu. (NWO/SHA).
Há um desafio de Jesus, Mestre muito exigente, inadmitindo-lhe qualquer aceitação parcial: ou O aceitamos sem reservas sendo-lhe fiéis, obteremos a vida eterna ou ao final da vida perceberemos, se não perecermos subitamente, nossa quebrantada e inútil existência; teremos de colher o subfruto de um tempo vivido apenas sob contingências de interesses temporais, da carne e sob a prática pessoal da maldita ideologia niilista para a eternidade. E agora...