Dom Estêvão Bettencourt
Aos apóstolos que perguntavam quando se consumariam as suas expectativas messiânicas, respondeu o Senhor:
"Não toca a vos ter conhecimento dos tempos e momentos que o Pai fixou por Sua própria autoridade" (At 1,7)
E a Igreja deseja que se respeite o plano divino de deixar oculta aos homens a época da parusia, admoesta a que não se pergunte, mais ou menos futilmente, à fantasia humana o que o próprio Deus explicitamente Se recusou revelar. Diante de tudo o que se tem propalado sobre o assunto, ela será sempre um baluarte de paz, exortando os homens a que, sem se deixar perturbar por "rumores", se empenhem com zelo por fazer a cada momento o que é, certa e indubitavelmente, da vontade de Deus. Foi para assegurar essa tranquilidade de alma que a Igreja mais de uma vez se viu obrigada a se pronunciar contra os pregadores de "novidades".
Vão aqui transcritos duas declarações do Magistério da Igreja dirigidas aos que anunciam a doutrina do Evangelho.
Um Concílio regional de Milão em 1365 assim admoestava:
"Não apregoem como coisas certas a época da vinda do Anticristo e a data do juízo final, já que pelos lábios do Senhor foi dito: "Não toca a vós ter conhecimento dos tempos e momentos". Nem ousem, a partir das Escrituras Sagradas, procurar adivinhar o futuro e indicar determinado dia para determinado acontecimento. Também não afirmem temerariamente ter-lhes sido isso revelado por Deus."
O 5º Concílio Universal de Latrão, em 1516, decretou:
"Mandamos a todos os que estão, ou futuramente estarão, incubidos da pregação, que de modo nenhum presumam afirmar ou apregoar determinado juízo. Com efeito, a Verdade diz: "Não toca a vós ter conhecimento dos tempos e momentos que o Pai fixou por Sua própria autoridade". Consta que os que até hoje ousaram afirmar tais coisas mentiram e, por causa deles, não pouco sofreu a autoridade daqueles que pregam com retidão. Ninguém ouse predizer o futuro apelando para a Sagrada Escritura, nem afirmar o que quer que seja, como se o tivesse recebido do Espírito Santo ou de revelação particular, nem ouse apoiar-se sobre conjeturas vãs ou despropositadas. Cada qual deve, segundo o preceito divino, pregar o Evangelho a toda criatura, aprender a detestar o vício, recomendar e ensinar a prática das virtudes, a paz e a caridade mútua, tão recomendada por nosso Redentor."
Textos encontrados em Huerter, Theologiae Dogmaticae Compendium III nº 694 em nota. Veja-se também Hefeli - Le clerq, Histoire des Conciles VIII 1. Paris 1917, 526.
Dom Estêvão Bettencourt, A Vida que Começa com a Morte.
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