"A minha casa é uma casa de orações, mas vós fizestes dela um covil de ladrões."
Esta é a frase que Jesus diz aos fariseus e aos que usavam o Templo como lugar de comércio, pervertendo o sentido original da casa de Deus e causando uma inversão na hierarquia dos valores. Jesus, movido de zelo, derruba as barracas e expulsa os vendilhões. Ele é Deus e, como tal, tem o direito de fazê-lo. Vem purificar o culto, as intenções para com Deus, nos ensinar como Deus quer ser servido e reafirmar o primado do amor a Ele.
É próprio da virtude da justiça repôr em ordem aquilo que foi bagunçado. No templo, em Jerusalém, as pessoas perdiam de vista a primazia do sagrado em virtude do faturamento e comercialização dos materiais de culto. Se o templo era um lugar de sacrifícios, nada mais oposto que a instrumentalização do divino em função da auto-promoção. Quando se faz isto, causa-se uma desordem e naturalmente atenta-se contra a virtude da justiça, cujo imperativo é amar a Deus sobre todas as coisas e, portanto, fazer tudo gravitar em torno dEle.
No templo, porém, parecia haver qualquer distração, como se o comércio assumisse um valor em si. Certos aspectos culturais eram legítimos, como, por exemplo, a venda de animais para o sacrifício ou a troca das moedas romanas que ostentavam a face de César. No entanto, o fim primordial para o qual convergem todas essas práticas parecia ter sumido do horizonte, e o templo surgia no coração daqueles sujeitos como uma oportunidade sobretudo rentável. Tinha-se, então, o primado dos próprios interesses, a idolatria de si mesmo, a exclusão do verdadeiro espírito de sacrifício, a extinção da devoção, e tudo isso em pleno Templo como a afrontar a dignidade de Deus, de Quem, no entanto, não se deve zombar.
Depois da intervenção enérgica de Nosso Senhor, os apóstolos se lembram das palavras da Escritura: "O zelo por tua casa me consome". Era por zelo e, portanto, por amor que Jesus os acusava de erro e os chamava ao amor primeiro, à prevalência da oração, à devoção autêntica, ao verdadeiro louvor que somente poderia ser dado pelos que se faziam como crianças, isto é, pequenos diante de Deus.
Eu penso que chegamos, hoje, a um estado de coisas muito mais grave do que o que havia no templo de Jerusalém. E, considerando que atualmente fazemos parte da Igreja fundada por Aquele que purificou o Templo, o descaso que somos obrigados a contemplar na Sua casa ganha, agora, uma dimensão ainda mais absurda. Aquela idolatria ou aquele desprezo pelo Dono da Casa em função dos próprios interesses é uma irrazoável usurpação e o temos visto, hoje, no descaso com a Liturgia, no barulho das igrejas, nas músicas ideológicas, na adesão a uma religião naturalista e anti-metafísica, no abandono das promessas de Cristo pelos devaneios de Marx, no primado da ação sobre a contemplação, na invenção de um culto ao modo humano em detrimento daquilo que é dado por Deus e independe aos diferentes contextos, sendo, portanto, universal.
"A minha casa é uma casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões". Ladrões porque roubam aquilo que é direito de Deus! Ladrões porque usam da religião para frontalmente contrariar aquilo que o fundador do Catolicismo instituiu. Ladrões porque dificultam, a partir de um poder paralelo - como o denunciava o valente Pe. Paulo Ricardo - que se ponha ordem ao caos, que a verdadeira suprema autoridade da Igreja exerça sem impedimentos aquilo que lhe convém por direito, que as almas sejam bem orientadas, que Nosso Senhor, enfim, reine absoluto na nossa sociedade. Usurpação é roubo...
Precisamos redescobrir que a casa de Deus não é uma boate, não é uma casa de shows onde nos encontramos para dançar e jogar conversa fora. A casa de Deus é, sempre e em todo momento, um lugar de oração, de respeito, de silêncio e de sacrifício. É o monte santo do Senhor e, como tal, nos separa, por força, da baixeza do mundo; é o lugar onde não podemos entrar sem retirar as sandálias; é onde absolutamente não nos é dado ser protagonistas, sendo, como diz Jacó, a terrível casa de Deus, onde Ele, de fato, habita. Precisamos redescobrir que, sendo Monte Santo, a Igreja é o verdadeiro Monte Calvário, onde ocorre o Sacrifício do Senhor. Subir neste monte é, portanto, imitar o Seu sacrifício, pondo o interesse de Deus em primeiro plano e lhe respeitando o posto de Verdadeiro Rei, diante do qual assumimos a nossa verdadeira natureza, somos libertados do erro e da mentira, e somos apresentados, enfim, à alegria da Sua Presença e da Sua visão. O Monte Santo, onde nos encontramos com Ele, é o lugar em que O devemos imitar, abandonando-nos ao Seu amor.
Purifiquemos a casa de Deus. E se não o podemos fazer efetivamente nos templos físicos, não sejamos nós participantes das algazarras e das troças que estes ladrões promovem contra o Sagrado. A casa de Deus é um lugar de oração e, portanto, de silêncio e profundo respeito. Que o zelo pela casa do Senhor também nos consuma.
Deus seja louvado.
Ad Iesum Per Mariam
Fábio.
Salve Maria,
ResponderExcluirLi este artigo muito bom por sinal, hoje o que vemos em muitas doutrinas que se dizem cristãs e muitos padres querendo imitar essas falsas doutrinas com Missa da Graça, entre outras denominações que agora querem colocar no Santo Sacrificio.
Menosprezando a realidade que ali acontece, onde é realizado e renovado o sacrificio de Jesus Cristo para nossa salvação.
Estou nestes dias muito triste mais sei que isso vai ser só o começo da purificação que vai acontecer na Igreja Católica.
Mais uma vez Jesus Cristo vai vim e tê que tirar todos os ladrões da casa do Pai.
Até quando o Pai vai suporta tamamhas abominações.
Na sua presença Santa.
Vamos fazer nossa corrente de oração do Rosário em família, pedindo que a conversão do pecadores e a salvação das almas e muito especialmente para santificação das familias e do Nosso Clero.
Que Deus ilumine a todos.
Benicio
Pois é..
ResponderExcluirRezemos para que Deus cuide de Sua Esposa.
Abraço.