A Santa Igreja |
Mons. Marcel Lefebvre
É espantosa a insistência de nosso Senhor, durante toda sua vida terrestre, em falar sobre sua "hora". "Desiderio desideravi", diz Nosso Senhor: "Eu desejei, com grande vontade, essa hora de minha imolação". Jesus pensava na Cruz.
O "Mysterium Christi" é antes de tudo o "Mysterium Crucis". Isto porque nos desígnios da infinita Sabedoria de Deus para a realização da Redenção, da nova criação, da renovação da humanidade, a Cruz de Jesus é a solução perfeita, total, definitiva, eterna, pela qual tudo será resolvido. É sobre esta relação de cada alma com Jesus crucificado que o julgamento de Deus será aplicado. Se a alma está numa relação viva com Jesus crucificado, então ela se prepara para a vida eterna e já participa da glória de Jesus pela presença do Espírito Santo nela. É a própria vida do Corpo místico de Jesus.
Para nossa justificação, para nossa santificação, Jesus organizará tudo em torno desta fonte de vida que é o Sacrifício do Calvário. Ele funda a Igreja, transmite seu sacerdócio, institui os sacramentos para tornar as almas participantes dos méritos infinitos do Calvário. São Paulo não hesita em dizer: "Porque julguei que não devia saber coisa alguma entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado" (I Cor II, 2).
Ora, este sacrifício do Calvário, sobre nossos altares, se torna o Sacrifício da Missa, que ao mesmo tempo em que realiza o sacrifício da Cruz realiza também o sacrifício da Eucaristia que nos torna participantes da divina Vítima, Jesus crucificado.
A Cristandade é a sociedade vivendo à sombra da Cruz, da Igreja paroquial em forma de Cruz, com a Cruz na torre, abrigando o altar do Calvário renovado constantemente, onde as almas nascem para a graça e se mantêm pelo ministério dos padres que são outros Cristos.
A Cristandade é o lugarejo, são as vilas, as cidades, o país que à imitação do Cristo na Cruz, cumprem a lei do amor sob a influência da vida cristã da graça. (...) Realmente pode-se dizer que todas as coisas boas da Cristandade vêm da Cruz de Jesus e de Jesus crucificado, é uma ressurreição da humanidade, graças à virtude do sangue de Jesus Cristo.
Mons. Marcel Lefebvre, A Vida Espiritual Segundo São Tomás de Aquino, Cap. VII.
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