O primeiro destes proveitos é tomar a alma uma atitude mais comedida e respeitosa em suas relações com Deus, como sempre se requer no trato com o Altíssimo. Quando a alma nadava na abundância de seus gostos e deleites não procedia assim; pois aquela graça tão saborosa, que a consolava, aumentava-lhe os desejos de Deus, tornando-os algo mais ousados do que era conveniente, e até chegavam a ser pouco delicados e não muito respeitosos*. Foi o que sucedeu a Moisés quando sentiu que Deus lhe falava: cego por aquele gosto e apetite, sem mais consideração, já se ia atrevendo a aproximar-se, e o teria feito, se Deus não o mandasse parar e descalçar-se. Aqui se mostra com que respeito e discrição, e com que desapego de todo apetite, se há de tratar com Deus. Apenas Moisés obedeceu, tornou-se tão prudente e tão precavido que, como diz a Sagrada Escritura, não somente perdeu aquele atrevimento de aproximar-se de Deus, mas nem mesmo ousava considerá-lo (Ex 3,6).
S. João da Cruz, Noite Escura
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*No caso da foto, nada respeitoso. Trata-se, mesmo, de uma profanação.
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