"Professor, ensina-te a ti mesmo..."
Esta é uma frase de S. Paulo que, não sei porque, não a vejo soar tão frequentemente.
Sabemos que, pelo pecado de Adão, como dizem os teólogos, substituímos a recepção gratuita dos dons divinos pela lógica do agarrar egoísta. É estranho quando, sabendo disso, ficamos apenas na teoria... e isto é uma tendência.
O que quer que façamos, haverá provavelmente um dado grupo que nos aplaudirá e outro que nos terá por bestas. Com a defesa da Tradição Católica não é diferente. Não quero dizer que não devamos defendê-la com tudo o que temos, mas que é fácil desvirtuar a intenção. Dizia S. João da Cruz que mesmo os demônios aceitam certas contrariedades em busca de satisfazerem-se. Defender a tradição, usar argumentos firmíssimos e ostentar até uma certa agressividade (por vezes tão superficial...) podem - Deus nos livre disso - ser apenas meios de auto-promoção. Alguns dos que lutam pela Igreja têm, já, certa popularidade e escrever para corresponder a expectativas é sempre uma tentação.
O que quero dizer? Que lutemos sim, aguerridamente, mas sempre tendo a nossa intenção reta, pura, santa. Que sejamos os primeiros a ser bons católicos, a viver por Cristo e para Cristo, e não para nós mesmos. Grande mal seria usar Nosso Senhor para satisfação de nossas vaidades.
A cicatriz do pecado original traz a marca da soberba. A conversão, portanto, deve portar a marca da entrega, da renúncia a nós mesmos, da santa cruz, do abrir as mãos e soltar... ter as mãos vazias e, dessa forma, sem querer agarrar coisas, apenas servir, desejando, verdadeiramente, que seja Ele a crescer. É então que ficamos disponíveis ao amor, aptos ao Reino; é então que, pobres, nos tornamos bem aventurados porque Deus revela seus tesouros aos pequenos.
Não transfiramos nossos vícios para a espiritualidade; não confundamos vício com virtude. Pureza de intenção sempre.
Enfim, o texto não trata de ninguém em particular. Apenas considerei que pudesse ser útil a alguém... Deus é quem sabe.
Fábio.
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